quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Como em um filme


De repente era tudo um filme, nosso filme, a trilha sonora era aquela música enjoativa que falava dos marinheiros, agora eu era Audrey Hepburn pós-moderna vestindo Zara no lugar de Givenchy e você um William Holden de charme mais rebelde, menos brilhantina nos cabelos, menos colarinho, e mais sapatos sem cadarço. Mas você mudou de idéia, mesmo. Você, que parecia simplesmente certo pra mim, sem tirar nem por. Você se deu o direito de mudar de idéia e eu pensei que tinha morrido junto com suas idéias de nós. Mas não.
Então nossa música começa a tocar, e de súbito tudo entra naquela atmosfera cinematográfica ilusória, onde temos a impressão de que tudo dará certo no final, eu olhava para você - mas acho que olhar não era o verbo certo a ser usado, eu era levada pelo seu olhar, àquele que você usava quando ficava sério, o meu favorito. Você me encarava de volta e por um momento houve um flashback, que voltou a primeira vez em que minha desilusão encontrou em seus olhos um motivo. Contudo voltamos ao estado inicial e minha vontade era sair correndo e pular em seu pescoço, mas diferentemente das outras vezes, seus braços não estavam abertos a minha espera, estavam cruzados, sua mão direita estava cerrada e amassava a camisa xadrez que eu te dei, de repente aquela sensação se foi, seus olhos se perderam dos meus e a musica parou. Foi nesse momento que eu percebi meu coração batia tão forte que você poderia ouvi-lo bater, mas não ouviu.
Até porque isso era mais que amar, era além do amor, gostar além do seu gosto, se o meu coração tem dois lados, porque não teria também dois donos? Falo mais do que átrios e ventrículos, da culpa de um órgão inocente por todo o mau sentimento humano. Porém, se não é do coração, de onde vêm as canções românticas, os cartões, flores e bombons? E se vai além das explicações científicas, poéticas ou filosóficas, porque ninguém sabe ou compreende mas todos o querem?

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