quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Terracota

Tão cansada, frustrada, aquela musica que tocava há horas ela não tinha vontade de mudar. "Nem vontade, nem coragem" pensava sozinha em um quarto rosado, olhava suas coisas, seus livros, eram dela mesmo? Não, claro que não eram, todos ja haviam percebido, ela perdeu o brilho próprio, mesmo que sua estrela tivesse finalmente se esgotado ou só estivesse se reinventando, não importava mais, as pessoas não a olhavam mais com os mesmos olhos, era somente um confuso vulto que passava por elas, comparada ao que costumava ser. Se olhava no espelho, faltava algo em seu reflexo, seus olhos que eram de intenso brilho, mesmo tendo um tom cliché de terracota, ja não refletiam mais nada, nem mesmo sua alma. Era só um rascunho.

domingo, 15 de agosto de 2010

Sob medida.

Queria acreditar que fui feita (por Deus ou por qualquer outra força científica ou divida) para alguém especifico, fabricada com todos os detalhes e defeitos que iriam agrada-lo.Queria acreditar que alguém poderia me amar por defeitos, pela minha pinta do lado esquerdo do nariz ou pela cicatriz que tenho no mindinho direito. Queria achar alguém que, como eu, não concorda com os finais felizes e que acha que Wendy deveria ter ficado com Peter no final. Queria te encontrar um dia sem querer, num dia chuvoso na esquina de uma rua qualquer, pra voltar a acreditar naquilo tudo que alguém me fez descrer um dia.



"Queria tanto que alguém me amasse por algo que escrevi." 
- Caio F Abreu

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Guga e eu - O (verdadeiro) pior cachorro do mundo



Ganhei o Guga quando tinha sete anos, ele era apenas um filhote e já tinha sido rejeitado por outras 3 familias, mas resolvi encarar e trouxe ele para minha casa. Demos esse nome para ele, porque seu "penteado" era igual ao do Guga Kuerten, o tenista, ah e pelo fato dele adorar fazer buracos em tenis, ironicamente. A primeira noite do Guga em sua nova casa foi meio conturbada e cheia de terra, ele espalhou a terra de todos os vasos do quintal e depois jogou todas as roupas do varal em cima, supera essa Marley. Após o infeliz incidente com a terra, pensamos sériamente em devolve-lo, o que não acabou acontecendo. Incidentes de mais, calçados de menos, nos mudamos para o Rio Grande do Sul, e lá o ele ganhou seu grande companheiro, o Nick. Inicialmente eram só bons amigos, porém, depois de algum tempo descobriu-se que eles supriam maiores sentimentos um pelo o outro, sim,o Guga era um cachorro homossexual. Voltamos para São Paulo, o tempo passou e entre brigas de casal Gu saiu bem machucado (Nick é um akita portanto um poodle não seria capaz de se defender de mordidas e coisas do gênero). Porém, hoje, depois de 10 anos e alguns meses ele foi para o céu dos cachorros. Sendo heresia ou não, ele tinha SIM uma alma, assim como todas as coisas, Guga é meu anjo-cachorro-da-guarda agora.


R.I.P Guga - 19/11/2000 - 5/08/2010

domingo, 1 de agosto de 2010

Vida em cristal liquido


Desde sempre ouvi aquela frase cliché que diz "Os olhos são a janela da alma" e refletindo sobre isso, minha alma deve dar tudo o que tem por uma tela de LCD de 17'. O fato de viver em "prol" da internet ja não é nenhuma grande novidade, o que surpreende é a necessidade de um notebook ligado com Itunes tocando e a timeline lotada de tweets. Lembro me que desde pequena era fascinada por esse "mundo" da internet, me recordo de ter mais ou menos uns 4 anos e perguntar para meu pai como era a internet, mal ele sabia que 13 anos depois, eu a conheceria melhor que ele. As vezes penso em quantas pessoas são como eu, ou até piores, e no tempo util que perco parada, esperando que alguem me mande um reply ou reblog alguns dos meus posts no tumblr ou por mais "obsoleto" que seja, me mande um email que eu possa responder. A necessidade de ter e fazer parte desse universo incrível chamado internet toma conta de grande parte do meu tempo e das minhas relações pessoais, aquela clássica frase "Saai pai, eu preciso de privacidade". Mas quando a privacidade chega a ser tanta que você mal vê sua familia dentro de casa, isso começa a ter outro nome: isolamento. A internet te abre portas, te mostra um mundo e amplia seus contatos sociais, mas precisamos mesmo ter um limite, uma linha mesmo que tênue para diferenciar o real do virtual, e ter tempo para os dois.

(foto by we heart it)